domingo, 12 de agosto de 2007

Terceira turnê do Momix no Brasil – Espetáculo de luz e formas

Fui ver Momix Dance Theatre de novo. Desta vez o espetáculo “Lunar Sea”. Saí do Theatro Municipal sem palavras. Shows como este me fazem pensar até onde vai a criatividade da mente humana.


O diretor e coreógrafo da companhia, Moses Pendleton, é conhecido pela sua capacidade de unir fantasia e acrobacia em espetáculos de dança. Possui a mania de fotografar tudo o que vê e, a partir daí, criar suas coreografias ilusionistas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o espetáculo “Opus Cactus”- encenado no Brasil pela primeira vez em 2002 – criado a partir de fotos do deserto do Arizona.




Em “Lunar Sea”, Moses desafia a lei da gravidade, fazendo com que seus bailarinos voem, levitem e se transformem em animais gigantes. Além da técnica de iluminação, a projeção de imagens em uma tela transparente na boca de cena se mistura aos movimentos dos bailarinos e à música. A técnica do ballet clássico se esconde por trás das roupas e cenário negros, mas fica evidente em alguns movimentos das “partes brancas” iluminadas pela luz negra. O espectador, por várias vezes, se encontra surpreendido, sem saber para onde olhar.

Corpos voam e nadam no espaço por trás das imagens do universo e do fundo do mar. A união das partes brancas de dois corpos faz com que um corpo pareça correr em câmera lenta, enquanto a imagem da superfície lunar é projetada. As medusas gigantes formadas por guarda-chuvas e um enorme pano branco dançam uma música empolgante e meio árabe. Neste momento, é a primeira vez que vemos as bailarinas, quando a luz negra dá lugar a uma iluminação comum. Mas isto dura pouquíssimos segundos e logo vemos novamente as medusas e os corpos pela metade e a luz negra e os movimentos acelerados...


Há números somente para pernas e outros somente para braços, que lembram pássaros (na verdade, este número me lembra um espetáculo da Cia. Lúmini, companhia de dança carioca que também utiliza a técnica de luz negra). O Momix utiliza vários acessórios, como uma gangorra (que na verdade é uma escada pendurada), cordas, saias e xales brancos, bolas azuis, roupas coloridas, meias fluorescentes. Tudo encaixado perfeitamente às imagens e à música. Um show de luz, formas e criatividade.

A definição usada no programa oficial do espetáculo é a seguinte: “Pendleton inaugurou uma nova figura de linguagem através do corpo, demonstrando possuir uma completa visão e múltiplas possibilidades para fundir objetos inanimados com o corpo humano, carregando-os ainda com uma arte gráfica coerente. Um espetáculo onde o homem, a natureza e o cosmos são magistralmente unidos para o espectador em um mesmo cenário. E que demonstra que a capacidade de Pendleton não tem limites. ‘Lunar Sea’, um espetáculo emocionalmente visual e intenso, que não deixará ninguém indiferente”.




Os bailarinos aparecem somente no momento do agradecimento, e nesta hora podemos constatar a força que eles têm. Com pernas e braços torneados e uma flexibilidade impressionante, eles se apresentam um por um, fazendo um trecho do que fizeram na peça, para que o público identifique quem é quem.

Depois do Municipal, Momix termina hoje seus espetáculos no Rio, no Citibank Hall. Termina sua turnê brasileira em setembro, passando por São Paulo, Brasília, Salvador, Recife, São Paulo novamente e Curitiba.

Para conhecer mais sobre esta companhia, visite o site: http://www.momix.com/