terça-feira, 19 de maio de 2009

Mas que velho safado! (Parafraseando a Flora de "A Favorita")

Ah! Essa foi demais!

Depois de um dia de trabalho estressante (daqueles que você fica o dia todo sem ter muito volume de trabalho e aí quando faltam dez minutos para você ir embora, estoura um problema nas suas mãos para resolver “pra ontem”... Sabe como?), tentei uma carona para voltar para casa no conforto e não consegui. Ok, aí eu, que já estava atrasada, enfrento um ônibus lotado, carregando algumas bolsas (porque o dia não acaba quando você sai do trabalho, ele está apenas começando) e cheia de dores na coluna e na cabeça, com uma vontade enorme de ir para casa e dormir. Dormir muito.

Mas, infelizmente, não é assim que funciona a minha semana. Ainda tinha um compromisso às 19h em Niterói (e eu saí do trabalho, na Barra, às 18h) e depois ainda tinha que dar aula até às 22h (para acordar 4:30h no dia seguinte). Resumido, estava bem cansada e ainda tinha que enfrentar um longo caminho dentro de um ônibus abarrotado de gente.

Passada a primera etapa, fui pegar o segundo ônibus na Leopoldina. Mas eu estava morreeeendo de fome e precisava, urgente, de qualquer coisa comestível. Comprei um pacote de presuntinho a R$2,00 (gente... R$2,00?? Um pacote de presuntinho?? Fala sério, né?) e subi no primeiro ônibus para Niterói que encontrei. Lotado, é claro. Depois de entrar no ônibus, totalmente atrapalhada, com duas bolsas pesadas, o pacote de presuntinho aberto e o cartão do ônibus na mão, consegui, finalmente, passar a roleta e me colocar em algum espacinho onde eu pudesse me apoiar com todas as minhas coisas e ainda ficar com as duas mãos livres para comer. Isso tudo somado aos dois celulares tocando o tempo inteiro para resolver assuntos do trabalho....

Depois de uns dois minutos, alguém me cutucou no ombro e eu virei para trás. Era um senhor se oferecendo para segurar as minhas tralhas. Achei ótima a idéia e larguei tudo em cima do homem, coitado. Me apoiei para comer o presuntinho e fiquei olhando a paisagem (tudo isso aconteceu ainda na Leopoldina, só para ter noção do engarrafamento).

Tô ali parada e, sabe quando você sente que tem alguém te olhando fixamente? Olhei de rabo de olho e era o senhor que segurou minhas tralhas e, claro, fingi que não vi porque eu sou muito antipática. Parei de comer o presuntinho e enrolei o pacote. Nisso, o senhor pegou meu pacotinho (!) e eu perguntei se ele queria. Ele disse que não e ficou segurando (?) .Peguei e guardei na bolsa.

Daqui a pouco, o cara começou a puxar assunto comigo: “senta aqui. Você tá cansada. Eu não sou tão velho assim”... E eu, sempre muito educada, disse que “Não, obrigada”. E aí começou um diálogo ligeiramente estranho:

_ Você está triste?
_Não!? Por quê?
_Por nada. Pode sentar aqui se quiser. Você está com cara de quem está triste.
_Não! Não estou triste, só estou cansada, mas não quero sentar, obrigada.
_Pelo amor de Deus, estou dizendo que você está com cara de triste, mas não quero dizer que não está bonita. Pelo contrário, você é linda!
_Ha-ha – querendo na verdade dizer: “Oi??????”.
_Eu pego esse ônibus todo dia, estou acostumado a ficar em pé.
_É, eu pego ônibus piores. Estou acostumada. Não se preocupa, obrigada.

Depois de ele insistir por toda a Ponte Rio-Niterói, finalmente desistiu. Silêncio. Até que enfim.

Mas, como alegria de pobre dura pouco, o celular dele começou a tocar e, no aperto do ônibus, eu acabei ouvindo a conversa:

_É.... Isso......... Aqui na minha frente, rapaz.............. Igualzinha a Gloria Pires.......... Linda...

Para a minha supresa (!!!), o velho puxou meu braço e perguntou quantos anos eu tinha e eu, educadíssima como sempre, respondi. No que ele continuou o papo dele no celular:

_Vinte e quatro anos, cara!!! Linda de morrer.

Nessa altura eu já estava como? Irritadíssima!!! Aí ele ainda virou para mim e fez cara de Didi Mocó!!!





Ah, nããããoo!!! Me deu muita raivaaa. E ficou apontando para o celular (com cara de Didi Mocó), como quem diz: “esse aqui, com quem estou falando é ótimo partido”.

Nisso, o ônibus inteiro já estava olhando o cara meio torto, né? Não satisfeito, o velho puxou meu braço mais uma vez e perguntou:

_Você mora em São Gonçalo?

Eu, com muita raiva, respondi:

_Não! Não moro em São Gonçalo. Muito obrigada por segurar as minhas coisas! – peguei as minhas coisas, cheia de violência, e dei dois passos para o lado. O ônibus estava tão cheio, que só deu para dar dois passos mesmo...).

E o cara continuou lá no celular, mas desceu no primeiro ponto depois da Ponte. Como tem gente sem noção nesse mundo, né?

Gente, agora me diz: Quem merece, depois de dois ônibus lotados, ainda aturar um velho desse se achando o garotinho? Ah, me poupe, né?

A arte de andar de ônibus

Tenho acumulado uma série de episódios sobre ônibus. Alguns amigos me falam para escrevê-los. A minha mãe quase briga comigo porque faz tempo que não escrevo. Mas é que, por mais que às vezes eu já comece a rascunhar um texto na cabeça, falta tempo (leia-se: disposição) para abrir o editor de texto e começar a escrever. Mas enfim... hoje eu tô tão revoltada, mas tão revoltada, que vou escrever alguma coisa. E aí desse jeito, pelo menos, eu desabafo.

Cara... andar de ônibus é, realmente, uma novela! Depender de ônibus é ainda pior. Ok, a gente sabe que há ônibus e ônibus. Aqueles ônibus que a gente pega na Zona Sul, ou para cruzar a Ponte Rio-Niterói, são tranquilos, não contam. Eu tô falando de ônibus meeesmo. Sem banco acolchoado, sem ar-condicionado, sem nada. E pior: lotadão!

Bom... na verdade tudo começa muito antes. Você sai de casa para trabalhar, de banho tomado, cheirosa, arrumadinha, cabelo no lugar, roupa limpa e passadinha. Linda! E daí pega o primeiro ônibus para cruzar a Ponte. Até aí, tudo bem. O problema começa na hora de descer. Tem que atravessar a passarela. Sobe a escada, cheia de gente esbarrando em você; anda a passarela com um monte de gente tentando te ultrapassar ou um desocupado que resolve passear na porcaria da passarela e bem na sua frente, é claro, às 6h da manhã; desce da passarela (para descer, todo santo ajuda, tá bom). Aí tem que andar uma rua enoooorme de salto alto, passar por debaixo de um viaduto que vive alagado (e aí não é legal quando passa um ônibus lá em cima e você está exatamente debaixo do viaduto) e depois de atravessar uma rua bizarra, cheia de bifurcações bem na sua frente, ainda tem que andar um pedação de calçada de terra, cheia de poeira subindo pelas pernas.

E hoje foi “ótimo”. O ponto de ônibus era em um lugar. Aí, há umas duas semanas o ponto andou um pouquinho para frente. E hoje eu tava lá, lindona (mas cheia de poeira) esperando o ônibus que demora uma eternidade pra passar. Fiz o sinal quase na rua e o cara foi embora!! Embora!!! Nem olhou!!! E daí olhei para trás e vi que o ponto tinha andado mais um pocão e ninguém avisou! Pô! Será que é tão difícil pendurar uma porcaria de uma plaquinha na calçada dizendo “Ônibus”??? Gente! Fala sério!

Lá fui eu para o outro ponto. Esperei mais uma eternidade. Quando chega o ônibus, você fica igual a uma barata tonta tentando advinhar onde o ônibus vai parar. Fica igual a um siri bêbado cambaleando para frente e para trás até o ônibus parar com a brincadeira de freiar e fazer aquele barulho irritante (tsss tssss tsss) e resolver parar. Aí pára. A porta vira um formigueiro. Muita gente se estapeando para entrar na sua frente! Cavalheirismo? Se perdeu no século passado. É surreal! Porque eu falo e as pessoas acham que eu estou exagerando. Mas vai falar com gente que pega ônibus do centro para cá??? Todo mundo se identifica. As pessoas se estapeiam meeesmo. Dá vontade de gritar “Calma, gente! Hoje tem lugar pra todo mundo” (teve uma vez que eu gritei, mas fica para outro texto).

Enfim, cheguei ao trabalho, atrasada obviamente (porque quem anda de ônibus tem todo um cronograma a ser seguido e se você perde um ônibus, já era) e aí tem que fazer praticamente uma trilha porque plantaram um matagal nos canteiros aqui da rua. Sério... é um canteiro de rua! É pra colocar plantinha baixa com espaços para os transeuntes. Mas não... trabalho na Barra... E Barra por acaso é lá um bairro para pedestres? Daí depois de fazer a trilha nível 5 com matos altos e fechados, cheguei finalmente ao trabalho.

Nisso, fica todo mundo te olhando como se você tivesse saído diretamente de um disco voador para o trabalho. Como se eu fosse de outro mundo, sabe? Claro, com o cabelo em pé e duro por causa da poeira, com uma camada marrom sobre toda a minha roupa e com resquícios de mato no pé, qualquer um acha que você acabou de chegar de um rally. Mas não! Cheguei de casa.

E sabe o que é pior? O pior é que quando você finalmente chega no escritório, sempre tem um desocupado que te encontra justamente entre a porta de entrada e a porta do banheiro (ou seja, ainda não deu tempo de me recompor) pra te fazer uma pergunta idiota do tipo: “Uéééé, tá de mau-humor?”. É mole? Ainda por cima, ainda querem que você ache graça!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Minha primeira aula de fotografia...

Esta semana tive a minha primeira aula de fotografia. Ok, não parece nada demais. Se não fosse o fato de eu ter esperado muito tempo para começar este curso e de isso me trazer algumas boas lembranças, seria apenas mais um cursinho normal para colocar no meu currículo (ou não).

A questão é que o gosto pela fotografia veio do meu pai. Ele é que me fascinava, quando eu era pequena, com aquele aparelho estranho na mão e intocável para mim, já que eu era uma criança e podia deixar aquilo tudo cair no chão. Imagina! Sempre que viajávamos, a lembrança mais forte que eu tenho é da câmera do meu pai, e de como ele carregava a máquina para cima e para baixo, sempre com muito cuidado.

Depois, adorávamos nos reunir para ver as fotos que ele tirava. Qualquer pequeno eventinho lá em casa (Natal, aniversário, carnaval...) era motivo para “desempoeirarmos” todas aquelas caixas com vários ábuns de fotos antigas. Muitas foram tiradas em épocas em que eu nem era nascida, mas mesmo assim adorava ver. Anos e anos gravados em um pedaço de papel.
Papai nunca foi profissional, mas isso era só a título. Para mim, ele sempre foi o melhor fotógrafo que eu conheço. Falo para todo mundo que ele já teve uma foto do Dedo de Deus publicada na National Geographic (na época que o nome ainda era em português). Tenho o maior orgulho de dizer que quem me influenciou a gostar de foto foi ele e que ele é a minha maior referência no assunto. É com ele que gosto de falar sobre câmeras que vejo vendendo. É para ele que gosto de enviar bons sites de fotografia. E é para ele que mostro as minhas “boas” fotos.

E, claro, foi dele que eu mais me lembrei durante as três horas que duraram a minha primeira aula de foto. Foi muito engraçado ver o professor abrir toda a câmera e mostrar como ela funciona por dentro. Parece que via na minha frente o meu pai me mostrando a mesma coisa quando eu entrei na faculdade e queria ser fotógrafa. Mamãe que vivia dizendo: “não vou pagar uma faculdade de Jornalismo para você virar fotógrafa”. Ainda bem que ela me disse isso! Se dependesse do meu “talento” para fotografia, estaria desempregada até hoje!

Mas não desisto e quero levar isso, pelo menos, como hobby (êta, hobby caro!). E quero compartilhar tudo o que aprender com a pessoa que fez com que meu interesse pela fotografia se despertasse. Pena que nunca vou chegar aos pés do meu pai!