sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

P-52 para leigos

Alarme programado para 3:40h da madrugada. Táxi às 4:50h à minha porta. Calça jeans, roupas confortáveis, tudo pronto para a minha primeira – e talvez única – visita a uma plataforma de petróleo. Marcamos de nos encontrar às 6h no escritório do trabalho. Todos muito pontuais e, apesar do sono, muito animados para a ida ao estaleiro BrasFels (Angra dos Reis), rumo à P-52.

As brincadeiras na van para descontrair e nos despertar não tiveram muito sucesso, e logo todos estavam desmaiados nas cadeiras. Eu, como sempre, muito curiosa e atenta a uma novidade, admirava o nascer do sol por trás da Pedra da Gávea e o céu, ainda timidamente laranja. Era uma bela vista e eu certamente não queria dormir e perder tudo aquilo. Até porque, provavelmente, nunca mais irei presenciar uma cena deste tipo, levando-se em conta que é raro alguém resolver passear por aqueles lados às 6h da manhã. Talvez um pouco mais tarde, em um horário mais normal, quem sabe...

Depois de uma parada básica para o lanche, chegamos ao estaleiro e fomos recebidos muito bem pelo pessoal. Havia roupas, sapatos e equipamentos de segurança identificados com os nossos nomes, o que me deu uma sensação muito boa de que estavam nos esperando e tinham preparado aquilo só para nós. Fizeram um coffee break, nos apresentamos, conversamos, falamos sobre a nossa empresa e tiramos fotos. Depois assistimos uma apresentação sobre a P-52 muito interessante e bem didática para leigos como eu, que não sou do meio, mas sou curiosa o suficiente para querer entender tudo (e, claro, sempre com caneta e papel nas mãos)!

Após ouvir atentamente a vários termos técnicos e ver esquemas e filmes explicativos, consegui subtrair o seguinte: a plataforma semi-submersível P-52 vai operar no Campo de Roncador (na Bacia de Campos) a 125km do cabo de São Tomé. A descoberta do campo foi em outubro de 1996 e que, esta plataforma entrará em operação na Fase 2. A FPSO P-54, que está sendo montada aqui na “minha terra” irá para o mesmo local e tem conclusão prevista para o final deste ano.

A P-52 começou a ser construída em dezembro de 2003 e será concluída em abril deste ano. Produzirá 180 mil barris de óleo e 7,5 milhões de m3 de gás por dia. Pesa 25 mil toneladas, tem 125m X 110m de dimensão e seu alojamento tem capacidade para 200 pessoas. Estará a uma lâmina d’água de 1800m e se ligará a 20 poços produtores e mais 10 de água. Com vida útil de 25 anos, irá explorar tratar e transportar petróleo (ok... eu posso estar chovendo no molhado com estas informações aparentemente óbvias, mas achei tão interessante conhecer uma plataforma, que agora quero descrever tim-tim por tim-tim tudo que vi e ouvi!).

É uma das maiores plataformas do mundo e foi praticamente toda montada no Brasil. Sua base levou dois meses para chegar de Cingapura até aqui, e foi a primeira vez que o mating – processo de ligação entre a base e o topside – foi feito no país.

Depois dessa aula de engenharia (pelo menos para mim) vimos alguns vídeos de segurança e pusemos todos os equipamentos necessários. Capacete, protetor auricular, óculos, sapatos adequados, luvas e até aquela roupa laranja fluorescente! Tudo pronto para, finalmente, poder subir à plataforma!

Subimos pelo elevador e a vista é lindíssima! Além de poder ver o marzão verde de Angra do alto, tínhamos uma vista muito interessante do estaleiro. Uma imensidão de gente trabalhando em um espaço que mais parece um labirinto. Também vimos algumas partes do que será a P-51, que ainda está em fase inicial. Andamos pelos corredores da plataforma, subimos as escadas, olhamos tudo e eu, como turista, revezando o meu tempo entre tirar fotos, prestar atenção e anotar tudo o que me desse tempo. Eu parecia uma criança na Disney. A diferença é que não podíamos subir nos brinquedos!

Eu não tinha a noção de como aquela construção era tão grande por dentro. E pior: muito complexa. Tubos e mais tubos. Tantos tubos que não sei como não davam um nó! E tudo muito colorido! Vermelho, verde, amarelo, azul, prata... Eu imaginava tudo meio cinza.

Entre as minhas fotos e anotações, há algumas coisas que me pareceram interessantes, como o fato de que as turbinas da P-52 são do mesmo tipo das que foram usadas no Boeing 747. Pode parecer bobagem, mas para mim é interessante! Convenhamos que eu não sou engenheira, portanto não estou acostumada a ver essas coisas! É tudo novidade!

Subindo as escadas, um colega de trabalho pára e pergunta: “aquilo é uma tartaruga ou uma arraia?”. Todos paramos na escada e olhamos para baixo. Lá no fundo vimos uma arraia enorme. Calculamos uns dois metros, devido à altura em que estávamos e à nitidez com que a víamos. Seus movimentos ágeis e largos me despertaram o interesse de conhecer o fundo do mar. Quem sabe não acrescento mais um item à minha lista de projetos para o futuro? Aulas de mergulho!

Chegamos ao topo e conhecemos as acomodações, piscina, quadra de futebol, salões de ginástica, cinema, jogos, cartas, auditório, refeitório etc. Quando entramos no salão de controle me senti naqueles filmes futuristas americanos. Só faltava andar que nem astronauta e falar gesticulando! Ok, ok... estou exagerando. Mas achei muito interessante. Aliás, tudo aquilo era muito “interessante”. Acho que já escrevi esta palavra umas 20 vezes, mas não há outra palavra para descrever tudo o que vi. Repito que, para mim, tudo aquilo era novidade.

Hora de voltar à realidade. Voltamos pelo mesmo lugar por onde entramos, mas, desta vez, o elevador estava desligado e tivemos que descer pelas escadas. Confesso que senti uma ponta de medo, principalmente porque descer aquelas escadas íngremes que davam de cara para o mar, carregando a câmera fotográfica do trabalho com aquelas luvas não era uma das tarefas mais fáceis do mundo.

Voltando para o escritório do estaleiro, vi outra coisa que me pareceu “interessante” (olha aí, a palavrinha de novo!). Como estávamos no horário do almoço, muitos trabalhadores descansavam sob a sombra, conversavam e relaxavam antes de voltar para o “segundo turno”. Foi quando vi um grupo de pessoas rezando e cantando com tanta fé, que cheguei a me emocionar. Pensei naquelas pessoas que vivem daquilo, que não têm outro trabalho, que têm que subir e descer 20 mil vezes as escadas intermináveis da plataforma, arriscando suas vidas e, infelizmente, sem outra opção do que fazer. São eles que fazem com que os sonhos das grandes empresas virem realidade. E aquilo tudo veio à minha mente quando olhei 360o e vi aquelas pessoas que passam o dia inteiro ali e ainda encontram um tempo para rezar e agradecer a algum deus (seja lá ele de que crença for).

Então fomos almoçar com as mesmas pessoas que nos receberam tão gentis. Tiramos aquela roupa quentííííííííssima, o capacete (e eu vi que estava parecendo uma bruxa, com o cabelo todo arrepiado), os protetores auriculares (e finalmente pude voltar a escutar sem fazer esforço e parecer uma velha surda), os óculos, as luvas e as botas (que são duras e machucaram todos os meus queridos dedinhos).

Depois de um pouco mais de duas horas de viagem, estávamos de volta à nossa cidade. Foi um dia realmente inesquecível por tudo o que vi e, principalmente, por tudo o que aprendi. Ainda mais se considerarmos que não sou engenheira e não entendo patavinas de engenharia!







quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Deu branco

(Escrevi este texto no 5o período da faculdade. Gosto dele. Ou melhor, gostava. Lendo agora me parece péssimo, mas na falta do que postar...)

Deu branco

Na faculdade, o professor mandou fazer uma redação sobre “prova com consulta”. E o que eu poderia escrever sobre isso? Fiquei mais de vinte minutos pesquisando e pensando, olhando para os lados e vendo todos os meus colegas escreverem e, eu, com a minha página vazia. Deu branco.

Poderia abordar este assunto de várias formas, mas não sei como. Por exemplo, poderia dizer o que eu acho deste tipo de prova. É verdade que na hora do sufoco, normalmente numa sexta-feira depois de uma semana inteira de provas, uma “cola programada” ajuda bastante. Mas às vezes complica muito. Quando eu tenho sete ou oito textos com vinte páginas cada e tenho que fazer uma questão ou duas, por onde eu começo? E quando eu tenho que escrever sobre um tema reflexivo (como os professores gostam de dizer) e com mil páginas para consultar?

Às vezes eu sinto saudade do colégio e das provas de matemática, com aquelas fórmulas todas gravadinhas na cabeça, ou das provas de história, quando eu virava noites decorando tudo. A “cola” nunca foi meu forte. Sempre que tentava colar, parecia que eu estampava na minha testa algo como “professora, eu estou colando”, e ficava tremendo, com as mãos geladas. E quando a prova era em dupla, parecia que tudo mudava. O fato de ter outra pessoa fazendo a prova comigo me confortava. Mesmo que eu fizesse quase tudo sozinha, parecia que eu estava em segurança. E se desse tudo errado, a culpa não era só minha.

O fato de poder consultar ou conversar com alguém sobre o que se escreve, dá a sensação de segurança. Às vezes o que se lê apenas confirma o pensamento. E às vezes nem é necessário consultar.

A consulta facilita também a vida do professor, que não tem que ficar vigiando a turma, procurando por algum indício de cola. Qualquer papel que caia no chão já é motivo de um olhar atravessado.

Além disso, com cola ou sem cola (ou com consulta ou sem consulta), uma prova não demosntra o conhecimento de ninguém. Não é sempre que estamos bem, inspirados e tranqüilos. Cada um tem a sua vida, e seus problemas. E se a prova cai justamente num dia ruim? Ou se cai justamente aquele tema que não parecia “alvo” e não foi bem estudado? E perdemos um semestre inteiro de estudos e dedicação por causa de um dia, de uma prova. É um pouco injusto.

Mas apesar de tudo isso, prefiro ainda as provas com consulta. Mesmo que eu não consulte nada, parece que me sinto mais confortável para errar e não tenho aquele medo de... dar branco.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Eu sacudo, tu sacodes, ele sacode...

Lá vou eu de novo com a minha terceira tentativa de criar um blog. O problema não está exatamente em criá-lo, mas em manter uma certa constância na atualização ou, melhor dizendo, alguma atualização.

Já fui anônima, quando tinha o “Anonimamente” e escrevia besteiras sobre minha vida, que ninguém queria escutar, mas eu, mesmo assim, falava. Era aquele blog típico de adolescente que adora uma novidade, principalmente as que terminam em “log”, como: fotolog, blog, moblog, videolog etc. É lógico... Naquela época eu não tinha muito o que fazer, e absolutamente nada a dizer. Era tão inútil, mas tão inútil que nem eu mesma tinha paciência para reler os meus próprios textos. Um belo dia, perdi a paciência até de atualizar... E, vamos combinar... Ainda bem que eu perdi a tal paciência!

Depois de um ano – quando eu achava que tinha algo a dizer – tentei de novo. Com apenas um único texto, o “Segunda Tentativa” não passou de uma mera tentativa e está por aí perdido em algum canto abandonado deste imenso mundo cibernético. Neste texto, eu me propunha a escrever textos mais reflexivos, sem expor tanto a minha vida, tentando dar um toque mais cultural aos meus rascunhos. Pensando bem... Deve ser por isso que aquele texto ficou sozinho... Sem “amigos textos” ou “amigas letras”... Sequer “amigos comentários”!

Agora estou aqui me sacudindo no terceiro blog do meu currículo internético! Não que agora eu tenha algo interessante a dizer, mas... Sempre algo a falar! Vocês (mmm... há vocês? Ok... pelo menos algum amigo imaginário lerá assiduamente o meu blog!). Mas, como eu ia dizendo... Vocês devem estar se perguntando o porquê deste nome tão estranho para um blog. Bem... Por dois motivos.

Primeiro: não gostaria de ver o meu nome estampado em um link de blog. Exemplo: “Blog da Maria”, “Blog do João”, “Blog do Fulaninho de Tal”. Não que eu ache feio, mas acho estranho “Blog da Lorenna”. Não soa bem e me parece pouco original. (Um recado aos meus amigos blogueiros: não estou falando mal do nome dos respectivos blogs! Só acho que eu, Lorenna, não combino com um nome desses).

Segundo: em cada blog que eu tive, procurei expressar um momento meu. Em “Anonimamente” comecei sem divulgar ao menos o meu nome, mas acabei colocando link para os meus fotologs (sim, eu tinha dois fotologs, de tão anônima que era), escrevendo toda a minha rotina e coisas do gênero. No segundo blog, estava meio desanimada e descrente de tudo. A “segunda” tentativa na verdade, era a única. Mas enfim... Parece que foi frustrada.

Agora venho com este! Acho que todo mundo conhece aquele ditado: “Quem pode, pode. Quem não pode, se sacode”. E, ao contrário do que parece, este nome não tem nada a ver com o Carnaval. Embora estejamos na época da folia, em ritmo de blocos e vendo mulatas sambando e se sacudindo a cada cinco minutos na televisão, este “sacudir” é outro.

É quando o sujeito que não pode tem que viver em ritmo de samba a vida toda para chegar onde quer. (E nisso, nós brasileiros temos privilégio. Não é à toa que somos apelidados de “malandros”). E é assim que eu tenho sido nos últimos meses. Não “malandra” no sentido pejorativo, mas naquele que define o brasileiro como o cara que “se vira nos 30” e sempre acha uma saída.

Não é porque “quem não pode se sacode” que eu ache que eu não possa, ok? Mas é que nos dias de hoje, até mesmo aquele que pode, tem que se sacudir para viver. Salvo raras exceções. Sempre há aqueles que já nascem sacudidamente virados para a Lua... Mas quem não nasce, não tem jeito. Tem que se sacudir. Por isso estou aqui, tentando fazer deste espaço um lugar onde eu possa me expressar livremente e praticar os meus quatro anos de faculdade de Jornalismo antes que eu me esqueça de como se escreve. Talvez assim, quem sabe...

Acho que prefiro parar a explicação do nome do meu blog por aqui. Se não, vou acabar causando conflitos pessoais, profissionais e existenciais... Quem entendeu, ótimo. Quem não entendeu, se sacode!

Neste blog não vou ter a pretensão de definir estilos ou linhas. Quem sou eu para isso? Só vou escrevendo de acordo com o meu tempo disponível. Vou tentar me dividir em mais uma Lorenna. Existe a Lorenna-que-mora-em-Nikiti-e-trabalha-na-Barra-sem-carro, existe a Lorenna-bailarina, a Lorenna-professora-de-dança-nas-horas-vagas e muitas outras. Agora há uma nova: a Lorenna-que-vai-ter-tempo-para-escrever-em-um-blog. Boa sorte para ela!

Quem quiser acompanhar, seja bem-vindo para se sacudir à vontade no campo “Comentários”, criticando, elogiando, falando mal, esculachando... Quem não quiser: um beeeeijo, tchau!