(Escrevi este texto no 5o período da faculdade. Gosto dele. Ou melhor, gostava. Lendo agora me parece péssimo, mas na falta do que postar...)
Deu branco
Na faculdade, o professor mandou fazer uma redação sobre “prova com consulta”. E o que eu poderia escrever sobre isso? Fiquei mais de vinte minutos pesquisando e pensando, olhando para os lados e vendo todos os meus colegas escreverem e, eu, com a minha página vazia. Deu branco.
Poderia abordar este assunto de várias formas, mas não sei como. Por exemplo, poderia dizer o que eu acho deste tipo de prova. É verdade que na hora do sufoco, normalmente numa sexta-feira depois de uma semana inteira de provas, uma “cola programada” ajuda bastante. Mas às vezes complica muito. Quando eu tenho sete ou oito textos com vinte páginas cada e tenho que fazer uma questão ou duas, por onde eu começo? E quando eu tenho que escrever sobre um tema reflexivo (como os professores gostam de dizer) e com mil páginas para consultar?
Às vezes eu sinto saudade do colégio e das provas de matemática, com aquelas fórmulas todas gravadinhas na cabeça, ou das provas de história, quando eu virava noites decorando tudo. A “cola” nunca foi meu forte. Sempre que tentava colar, parecia que eu estampava na minha testa algo como “professora, eu estou colando”, e ficava tremendo, com as mãos geladas. E quando a prova era em dupla, parecia que tudo mudava. O fato de ter outra pessoa fazendo a prova comigo me confortava. Mesmo que eu fizesse quase tudo sozinha, parecia que eu estava em segurança. E se desse tudo errado, a culpa não era só minha.
O fato de poder consultar ou conversar com alguém sobre o que se escreve, dá a sensação de segurança. Às vezes o que se lê apenas confirma o pensamento. E às vezes nem é necessário consultar.
A consulta facilita também a vida do professor, que não tem que ficar vigiando a turma, procurando por algum indício de cola. Qualquer papel que caia no chão já é motivo de um olhar atravessado.
Além disso, com cola ou sem cola (ou com consulta ou sem consulta), uma prova não demosntra o conhecimento de ninguém. Não é sempre que estamos bem, inspirados e tranqüilos. Cada um tem a sua vida, e seus problemas. E se a prova cai justamente num dia ruim? Ou se cai justamente aquele tema que não parecia “alvo” e não foi bem estudado? E perdemos um semestre inteiro de estudos e dedicação por causa de um dia, de uma prova. É um pouco injusto.
Mas apesar de tudo isso, prefiro ainda as provas com consulta. Mesmo que eu não consulte nada, parece que me sinto mais confortável para errar e não tenho aquele medo de... dar branco.
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