Acabei de voltar do almoço com uma amiga. O tema durante
quase todo o tempo foi a nossa vida profissional: objetivos, sonhos, escolhas e
consequências.
Acho interessante como a vida é mesmo uma caixinha de
surpresas (como já dizia Joseph Climber) e como as nossas escolhas fazem com
que o nossos caminhos sejam completamente diferentes do objetivo inicial.
Aquele objetivo que fez com que a gente marcasse um “X” em determinado curso na
hora de fazer a inscrição para o vestibular.
Embora a minha paixão sempre tenha sido a dança, eu sempre
tive muito claro na minha cabeça que não iria fazer faculdade disso. Não só
pelo fato de ser filha única e de ter que arrumar um trabalho com o qual eu
realmente conseguisse me sustentar sozinha, mas porque eu gostava de muita coisa
e era difícil escolher. Sabia que, na dança, além da dedicação necessária a qualquer
carreira, precisa-se de sorte. Muita. Ainda mais na modalidade de dança que eu
escolhi para mim.
Outra coisa muito clara na minha cabeça era que o meu
trabalho tinha que ter a ver com arte. Já falei nesse post sobre a importância
que a arte tem pra mim. E tinha que ter as duas coisas ligadas. Por isso é que,
entre fazer dança, jornalismo, geologia, engenharia civil e direito (sim! Eu já
pensei em fazer todos esses cursos aí), eu escolhi Jornalismo. Porque queria
ser crítica cultural. Esse era o meu
maior objetivo no dia em que entrei na faculdade. E sabia que faria mestrado em
Belas Artes depois!
A faculdade é um lugar cheio de sonhos, cheio de carreiras
e, obviamente, cheio de escolhas a serem feitas. Dentro do curso de
Comunicação, há muitas “faculdades” a serem cursadas. Tudo depende dos
professores, das matérias eletivas, do grupo com quem você anda etc. Além da
crítica de cultura, eu tive a fase de querer ser fotógrafa de guerra (a parte
da guerra foi fácil de desistir, mas a parte da fotografia anda comigo até hoje),
de trabalhar em redação de jornal impresso, de ser repórter de TV, de trabalhar
em assessoria de imprensa... A única coisa, dentro do que a Comunicação me
oferecia que eu sabia que não queria para mim era Marketing.
No segundo período, tive um professor incrível de Cultura
Contemporânea. Decidi que a minha monografia seria feita com ele, embora ele
sempre dissesse que não dava 10 para ninguém (fiquei com 8,5 no trabalho final,
mas com uma sensação maravilhosa de ter escrito o conteúdo da minha vida!). No
quarto período, tive outro professor incrível, que me mostrou que eu sabia
escrever bem! Logo nos primeiros trabalhos que entreguei a ele, fui convidada a
escrever no Jornal da faculdade. Tive medo da exposição, das críticas, do que
ouviria dos meus colegas de turma, mas encarei – afinal de contas, um jornalista
tem que saber se expor. Acho que escrevi cerca de seis ou sete matérias entre
coberturas, crônicas, críticas, colunas e uma matéria sobre assessoria de
imprensa que me colocou cara a cara com grandes repórteres e assessores da
época.
Como eu era boba e imatura! Estava ali! De frente com os
profissionais que eu gostaria de ser no futuro e não tirei proveito disso. Ouvi
de um deles que, já na faculdade, eu escrevia melhor do que muitos “coleguinhas”
(como os jornalistas são carinhosamente chamados um pelos outros) e me limitei
a responder “obrigada”. Até hoje não entendo o porquê de não ter aproveitado as
oportunidades!
Quando já estava pelo quinto período, comecei a me
desesperar com o estágio. Precisava de um, ou não teria emprego depois de
formada e teria que ser, para sempre, somente professora de dança (não que isso
fosse um sacrifício. E não fosse verdade – eu é que sempre gostei de um pouco
de drama). Só que como tudo na minha vida, eu não consegui um estágio. Eu
consegui três! Na mesma semana! E aí tive que fazer uma escolha. Aparentemente simples de ser feita, mas que mudou, por
completo, o rumo que a minha carreira iria tomar.
As opções eram:
- Redação em um impresso: era o salário mais baixo de todos, mas era o que mais me atraía pelo trabalho;
- Secretaria de Cultura: era o salário médio e não preciso nem dizer o motivo da minha vontade em trabalhar lá;
- Área de Comunicação em uma empresa de óleo & gás: melhor salário, além de todos os benefícios de se trabalhar em empresa, como vale transporte, vale refeição etc. Para um estudante de jornalismo, essa opção caída muito bem. Foi, enfim, a opção escolhida! (Um detalhe: moro em Niterói, a empresa era na Barra e eu não tinha carro).
- Redação em um impresso: era o salário mais baixo de todos, mas era o que mais me atraía pelo trabalho;
- Secretaria de Cultura: era o salário médio e não preciso nem dizer o motivo da minha vontade em trabalhar lá;
- Área de Comunicação em uma empresa de óleo & gás: melhor salário, além de todos os benefícios de se trabalhar em empresa, como vale transporte, vale refeição etc. Para um estudante de jornalismo, essa opção caída muito bem. Foi, enfim, a opção escolhida! (Um detalhe: moro em Niterói, a empresa era na Barra e eu não tinha carro).
No entanto, eu nunca imaginei que ficaria ali por cinco
anos. E também nunca imaginei que, das as atividades de um jornalista em uma
empresa (site, relacionamento com imprensa, redação de textos institucionais,
promocionais etc) eu, em três anos, estaria cuidando da área de... Marketing! Justamente o que, dentro da
Comunicação, era a única atividade que eu não gostava! E não gostava mesmo. O começo
foi muito difícil aceitar que eu não era mais jornalista e que eu não
trabalharia em redação de jornal. A menos que eu aceitasse começar tudo do zero
novamente.
E sabe o que aconteceu? Me apaixonei por Marketing e, de
quebra, pelo mercado de petróleo. No lugar do mestrado em Belas Artes, o que
fiz foi um MBA em Marketing, depois outro em Marketing Digital, e li livros e
mais livros sobre isso. Philip Kotler e suas teorias passaram a ser o meus melhores
amigos desde então!
Hoje, encontro amigos da faculdade que trabalham em redes de
TV, em jornais impressos, em rádio, em assessorias de imprensa. Tenho aqueles
amigos que são fotógrafos, artistas, professores, que publicam artigos e que compartilham
seus conhecimentos com outros estudantes. E eu, apesar de jornalista com muito
orgulho, fui mordida definitivamente pelo mosquitinho do Marketing.
Nunca imaginaria que trabalharia com isso e que seria tão apaixonada
pelo meu trabalho.
Fico triste, às vezes, por não ter seguido o meu objetivo inicial
de ser crítica cultural ou por não ter sido repórter de jornal. Mas para isso,
tenho o meu blog! (Na verdade, foi para isso que ele foi criado, embora esteja
aqui escondido atrás de um login e senha só para mim).
E fico pensando em como a vida é louca e como uma escolha, aparentemente simples e boba,
pode mudar completamente o rumo das coisas. Onde será que eu estaria agora se
tivesse escolhido a redação de jornal ou a secretaria de cultura?