sexta-feira, 27 de março de 2020

As vantagens de ser filha única em tempos de isolamento social


Nunca imaginei que ser filha única poderia ser tão útil nesse momento de pandemia mundial. Sim, claro, não gosto de ficar em casa e não é moleza. Mas a verdade é que está sendo mil vezes melhor do que eu pensava.

Desconsiderando a primeira semana em que eu fiquei conectada às notícias praticamente sem interrupção, quase enlouqueci no mercado quando vi tudo acabando, pensei nas pessoas que vivem em condições precárias e também estão passando ou vão passar por essa loucura e pensei que nunca passaria por uma situação como essa na vida; está tudo bem. Quando passei a me limitar a checar as notícias uma vez por dia, pela manhã, e fazer outras coisas depois, a quarentena mudou radicalmente para mim. Ainda dou uma “quase” surtada quando penso nos meus pais e no quanto eu gostaria de estar com eles agora, mas eles estão cooperando, então, tudo bem.

Quando eu era criança, muitas vezes não tinha com quem brincar no período de férias. Muitos amiguinhos da escola e os vizinhos viajavam ou se afastavam no verão e só me restava ficar em casa com minhas bonecas e com minha avó. Também ficava chateada com meus pais muitas vezes porque não me deixavam passar a tarde inteira na casa dos amigos da escola – mas vejam só como isso está sendo útil hoje!

E mesmo assim, eu sempre fui uma criança “auto divertida”. Inventava minhas brincadeiras, falava sozinha com minhas bonecas, jogava vídeo game e ficava inventando minhas coreografias. Lembro que uma coisa que eu fazia muito em casa (principalmente quando ficava sozinha ou quando meus pais estavam dormindo), era colocar um ventilador na porta do quarto dos meus pais e ficar andando do espelho da sala até o espelho do quarto, como se estivesse em uma passarela. Ah, o ventilador era pra dar o efeito de cabelo esvoaçante de comercial de shampoo ou maquiagem, é claro!

Quem nunca?

E como eu me divertia! Sozinha!

Outra coisa que eu fazia muito era cabana de papel. Meu pai trazia um monte de papel de rascunho do trabalho daquelas impressoras antigas com papel emendado e eu inventava cabanas. Nunca dava certo, mas valia a tentativa – eu me divertia com a ideia, me irritava com o fato de nunca conseguir montar a cabana e ia brincar com minhas Barbies. Tudo bem também. 




Sempre arrumei o meu jeito de me divertir. Dançar sempre fez parte da minha vida mesmo antes de começar a fazer ballet aos 5 anos. Tendo uma música e um espelho, estava tudo bem. Sempre foi a minha melhor terapia.

E assim fui crescendo, ocupando meu tempo livre quando era adolescente, com mil aulas e atividades paralelas na época da faculdade, e não foi diferente até praticamente a véspera de me mudar para o Canadá. Trabalhava no escritório, dava aulas de dança e em faculdade, estudava música, praticava yoga, e tinha ensaio de dança aos sábados (depois de dar aula de manhã), e estava quase assumindo uma outra turma na faculdade pelas manhãs, às 7h, antes do trabalho no escritório (porque se eu mudasse o curso de música para segunda, terça e quinta, conseguiria liberar as manhãs de quarta e sexta). Ufa! Sempre fui assim e um dos motivos que me fez querer sair do Brasil era justamente tentar sair dessa rotina enlouquecedora que não tinha mais como ser diferente.

A maioria dos meus amigos do Brasil me conheceram em algum momento da minha vida “normal”, no “meio do caminho”, e nos primeiros 5 minutos já entendiam que eu era uma pessoa, digamos, ocupada. Eu sempre tive a agenda cheia, mil atividades (e das mais variadas), e sempre tinha que combinar com antecedência um simples happy hour. Era bom e era ruim (tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim – ou quase tudo). Mas essa era eu. A mesma criança que não ficava entediada em casa se não tivesse o que fazer – porque eu sempre arrumava o que fazer. (Esses dias, conversando com uma amiga do Brasil, ela disse “claro, essa é a Lorenna tubarão que eu conheço: se parar, morre". E é bem isso).

Quando me mudei para o Canadá, “zerei” minha vida. Comecei tude de novo. Não tinha tantas atividades para fazer, não tinha aula de dança, música, yoga ou faculdade. Nada. Nem emprego! E assim fui formando meus novos amigos daqui, que não conheceram a minha essência e não entendem quando eu digo que estou entediada porque não faço nada aqui. Ou quando digo que quero fazer um determinado curso (geralmente bem aleatório). Ou quando prefiro deixar de sair “porque estou ocupada aqui com umas coisas de casa” ou “porque quero ler um artigo ou livro” – “lê depois”, “faz depois”, eles dizem. (Importante: eu amo cada um dos meus amigos aqui e tenho muita gratidão por eles serem insistentes comigo. Quando a gente mora longe da nossa família, o que segura a onda são essas pessoas que a vida coloca no nosso caminho. Que fique claro que não estou reclamando, só estou dizendo que eles me conheceram numa fase diferente da minha vida. Diferente principalmente pra mim!).

Mas tem uma coisa única nesse papo todo de quarentena: eu voltei a ter controle sobre o meu tempo como eu tinha antes e isso é fantástico. Vou explicar.

Com essa campanha #fiqueemcasa, não posso fazer nada mesmo. Como todo o mundo hoje (e “todo o mundo”, dessa vez, não é uma hipérbole) não posso encontrar ninguém, tenho que limitar minhas saídas de casa somente ao mercado, estou 24/7 nesse apartamentinho onde vivo (e graças a Deus tenho um lugar bacana para morar e comida na geladeira – diferente de muitas pessoas no mundo. Não tenho como reclamar, tá vendo?). Mas não posso fazer nada.

Ou melhor... Lembra da criança filha única criativa e agitada? Eu já tenho toda uma agenda para os dias de quarentena! Inclusive com metas! Enquanto escuto (ou leio, considerando nossa comunicação super baseada em texto de WhatsApp) meus amigos dizendo que não aguentam mais ficar em casa, ou que não veem a hora de poder sair à rua, vou te dizer que eu tô bem “de boa”.

Acordo entre 6h e 6:30h, faço yoga, leio as notícias do dia, falo com meus pais de manhã, vou trabalhar. E, depois do trabalho, cada dia tenho uma programação diferente, mas tenho tempo pra estudar flamenco (como disse antes, uma música e um espelho são tudo o que eu preciso pra me acalmar), tenho tempo para ler a pilha de livros que trouxe do Brasil (e mais a pilha que já comprei por aqui, por mais que tivesse prometido a mim mesma que não compraria mais nenhum livro enquanto não terminasse os que eu tenho para ler), tenho tempo para fazer vários cursos online (quem me conhece sabe que eu amo um curso online), tenho tempo para ler revistas, escutar e conhecer novos podcasts, falar com as pessoas do Brasil por vídeo (em geral é difícil conciliar as agendas, mas agora está todo mundo em casa mesmo).

Eu tenho uma programação intensa e me arrisco em dizer que vou sentir um pouquinho de falta dessa paz que a quarentena me trouxe. Óbvio, que eu quero que isso tudo passe, que encontrem logo uma cura para esse vírus e que parem de morrer pessoas no mundo por conta do Covid-19 (e também quero poder sair de casa, rever as pessoas e retomar as atividades que ficaram suspensas, é claro). Mas acho que esse tempo em casa está servindo pra me mostrar que o meu tempo e, principalmente, retomar o controle sobre ele, é muito importante. E também, é claro, me mostrou que ainda existe uma criança filha única e auto divertida por aqui.

Os memes que eu mando para os meus amigos sobre a loucura de ficar em casa, é só porque eu acho impressionante o poder de criatividade das pessoas em inventarem gifs tão divertidos (que me fazem rir alto de verdade) em momentos tão adversos como esse. Me divirto e quero que as pessoas se divirtam também, mas não estou surtando. Estou bem feliz, com controle do meu tempo, com a agenda intensa – como sempre foi e como deve ser pra mim, porque essa sim, é a minha essência.

Agora preciso ir porque é hora da yoga. E você, #fiqueemcasa também e, mais importante, #fiqueempaz. 😊






sexta-feira, 3 de junho de 2016

Sobre o nome deste blog

Tenho estado muito envolvida com essa coisa de blog ultimamente. Sempre gostei disso e fui uma das primeiras pessoas do meu grupinho de amigos a ter um blog, lá em 2001/2002 (se não me falha a memória), quando a gente ainda tinha que ficar lendo um pouco de códigos pra mudar uma simples cor do plano de fundo ou a fonte usada no texto.

Pois bem, passaram-se os anos, o tempo livre ficou cada vez mais escasso, as cobranças por melhorar como profissional cresceram: MBA, curso de inglês, outro MBA, espanhol, mestrado, francês, uns outros cursos aí meio aleatórios mas que a gente sempre acha que vai servir pra alguma coisa... Ufa! E aí quando a gente finalmente acha que vai ficar tranquilo, favorável, que agora vai ter tempo pra sair, pra ver os amigos, pra viajar e tal, vem a crise e te deixa desempregada. Mas sobre isso eu vou falar outra hora.

Esse texto é pra falar do nome desse blog. Sempre que escrevo algo (desde um bilhetinho no whatsapp ou até a minha dissertação de mestrado) escuto das pessoas: “nossa, como você escreve bem!”, “você devia fazer mais isso”, “sua redação é leve, a gente nem nota que tá lendo”. Mas a grande verdade é que eu tenho uma baita de uma insegurança. Um medo terrível de postar e ser criticada (eu sei, acontece com todo mundo). E rola um certo desconforto em ficar publicando minha vida assim, na internet, pra qualquer um ver.

Mas aí, desempregada e fazendo um curso online sobre WordPress (“Caraca, Lorenna! Você não para nunca?” “Não, por mais que as circunstâncias tentem me forçar, eu não paro, não!”) comecei a mexer nos blogs antigos. Eu tinha/tenho esse blog aqui, mas notei que o último post foi em 2014 – e isso foi porque eu já tinha ficado um longo período sem publicar nada. Aí pensei “ótimo! Vou reativar esse blog! Mas e esse nome?”.

Quem não pode se sacode... Lembro que tinha uma época que eu falava isso toda hora. E lembro também, que coloquei esse nome no blog numa época em que eu era estagiária de Comunicação em uma empresa de petróleo. Havia tido dois blogs antes, mas que tinham saído do ar por falta de manutenção e atualização – antigamente tinha isso.

Na época, escolhi esse nome porque eu queria ser jornalista “de verdade”. Escrever, fazer notícia, criticar peça de teatro, escrever as coisas do jeito que eu achava que tinham que ser. E era estagiária de Comunicação em uma empresa que tinha um contato super passivo com a mídia. Eu escrevia, sei lá, no máximo uns três releases por ano e, mesmo assim, sobre petróleo, negócios, venda etc. Chato.

Aí criei o blog, mas não tinha quase tempo. Óbvio. Agora eu tenho. E acho que esse nome não tem nada a ver. Pensando nessa coisa de desemprego, currículo etc, fiquei pensando em fazer algo super mirabolante pra chamar a atenção dos recrutadores e tal, totalmente fora da caixinha, um blog maluco e criativo pra mostrar a eles “olha só como eu sou legal, criativa e diferentona!” (tá na moda ser diferentona!) mas aí vem toda aquela questão de publicar na internet, compartilhar minha vida na rede etc. Pensei em colocar um nome bem prático, tipo “Lorenna Marketing” ou “Lorenna Comunicação”, que ajude o SEO na busca orgânica do Google. Aí veio o alerta: nossa! Que diferente! #sqn.

E aí comecei a juntar as peças, pensar na minha trajetória não só profissional, mas pessoal também. E comecei a ver que esse nome, apesar de ser um ditado popular português, tem tudo a ver com a minha vida. Desde criancinha.

Primeiro porque eu sempre gostei de tudo-ao-mesmo-tempo-agora e queria de tudo um pouco. Sempre gostei muito de dançar e sempre ouvi dos meus pais: “Dança é só até você entrar na faculdade. Depois, se vira”. Fui mexendo meus pauzinhos para conseguir um jeitinho de continuar a dançar mesmo depois da faculdade – e aí comecei a dar aulas de dança, assim podia continuar dançando de graça e ainda ganhava uns trocados.

Outro exemplo foi quando eu consegui meu primeiro estágio. Bom, quem me conhece sabe que eu estudei Jornalismo porque queria trabalhar com Jornalismo Cultural e ligar, de alguma maneira, a minha profissão com a arte. Chegou o temido 5º período e nada de estágio. Como tudo na minha vida, quando consigo alguma coisa, tudo sempre vem no plural. E aí a geminiana aqui tem que decidir. Não consegui um estágio, mas três. Na mesma semana. Um era pra trabalhar na editoria cultural de um jornal aqui de Niterói. O outro era pra trabalhar na Secretaria de Cultura daqui de Niterói. O outro era pra trabalhar na área de Comunicação de uma empresa de petróleo lá na Barra. Adivinha qual eu escolhi? Com Barra sendo logo ali... Não é óbvio?

E com o estágio na Barra, vieram muitos “sacodes” na minha vida. Eu não tinha carro e não era fácil ir de ônibus para a Barra. Não fiquei seis meses no estágio. O estágio virou emprego e eu fiquei nessa rotina durante cinco anos e meio da minha vida. Não tinha carro (sim, tô repetindo pra enfatizar). Se eu pudesse, teria ficado na secretaria de cultura de Niterói. Mas eu tinha que me sacudir. A bolsa-auxílio da Barra era melhor. Tinha vale-transporte e ticket de refeição! Veja só: filha única, né?

Ônibus (eram quatro na ida e três na volta). Chuva. Engarrafamento. Acidente. Ônibus quebrado dentro do túnel na linha amarela. Duas vezes. Natal. Cesta de Natal (daquelas bem pesadas). Ônibus. Aula de dança depois do trabalho. Mochila pesada com as roupas para a aula de dança depois do trabalho. Ônibus. Cheio. Cheio não. Lotado.

Mas na minha vida nunca deu muito tempo pra reclamar, não. Sempre, foi tudo muito na correria. “Corre, Lorenna. A van da escola chegou!”. “Mas não terminei de almoç...” “Engole!!!”. “Hoje eu tenho bal...” “Tá aqui a bolsa! Anda!”.

Aí eu sofri um sequestro relâmpago em Niterói numa noite/madrugada de terça-feira e cheguei umas 4h da manhã em casa. Tinha estágio no dia seguinte e é óbvio que eu fui. Na Barra, lembra? Afinal, era estágio. Ia dar mole?

Essa coisa do “se sacode” me remete a agito, a não parar, a não desanimar com os obstáculos que a vida impõe. Queria dançar? Vou virar professora pra dançar de graça. Não amava o estágio? Paciência, era o que tinha. Tinha ensaio com cajón e bata-de-cola lá na Tijuca no fim de semana? Vamos de ônibus mesmo (frescão, daqueles que o banco inclina pra trás. Aí a pessoa da frente SEMPRE deitava o banco todo. E você com um cajón no colo. Visualiza a falta de ar).

Às vezes vem alguém e fala “Nossa! Mas como você aguenta? Eu consegui um emprego na Barra, mas saí antes do período de experiência porque não aguentei”. “Ah, estou de saco cheio do meu trabalho, vontade de jogar tudo pro alto e fazer as coisas que eu gosto”. “Ah, preciso dormir oito horas por noite, não dá pra acordar às 5h, como você”.

Desculpa, mas eu tenho preguiça para comentários como esse. Não me ajudam e não me motivam em nada. Não acho que a minha vida seja exemplo pra ninguém. Como eu, tem milhares de pessoas no mundo que acordam às 5h da manhã pra trabalhar. Tem mais um monte de pessoas no mundo que acordam antes disso para engolir um monte de sapos no trabalho. Não é legal sempre. Mas ficar à toa, como estou agora, é muito pior. Garanto. Continuo sem ver meus amigos, continuo sem ir à praia (me dá peso na consciência) e continuo sem aproveitar meu tempo livre. Tem gente que diz que sou workaholic. Talvez seja mesmo. E talvez esteja sofrendo uma crise de abstinência enorme. Mas como disse no início desse texto: esse assunto é para outro post.

Enquanto isso vou continuar tentando me sacudir o máximo que puder. Não porque eu não possa. Acho que consegui conquistar alguns “quem pode, pode” na minha vida. Mas porque prefiro desse jeito: agito, correria, cinco horas de sono por noite. Talvez mude o nome do blog para “Quem pode, pode. Mas é sempre melhor sacudir!” ;)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Já tá na hora de ser feliz?

(Texto recuperado de uns emails antigos e perdidos...)

Esse fim de semana fui à Lapa.

Não que isso seja algo incrivelmente extraordinário, afinal de contas eu já fui à Lapa um milhão de vezes e há muitos outros lugares no Rio de Janeiro que me agradam muito mais. Nunca fui uma super fã do bairro boêmio. Não é o meu estilo mesmo.

Mas neste sábado eu estava estressada. Queria sair porque tenho duas semanas de férias no mestrado e me sinto na obrigação de sair de casa e de curtir cada segundo dessas micro-férias. E ao mesmo tempo em que estava muito feliz por estar em uma festa sem a preocupação de ter que acordar cedo no domingo para estudar, estava estressada. E não consegui curtir direito a noite.

Primeiro era a minha roupa: não era a que eu queria usar. Segundo, a maquiagem: exagerada. Terceiro, a companhia: agradável, mas não eram os meus amigos. Eram os amigos dos amigos. Quarto: show do Supla (???) - dispensa comentários. E mais uma série de fatores que não estavam me fazendo feliz naquele dia.

Não sei direito, mas não consegui relaxar em nada. Até que lá pelas 3 horas da manhã, resolvi desistir e sentar pra ver um casal que estava dançando forró na minha frente. E aí a noite começou.

Passou um filme na minha cabeça e os meus neurônios começaram a pensar com uma velocidade tal, que eu não podia controlar.

Aquele forró... Aquela música... Aquele lugar...

Me lembrei da época da faculdade (aliás, ultimamente eu tenho lembrado demais da época da faculdade) e que eu dançava forró quase todo fim de semana. Aliás... todo fim de semana não, porque eu não tinha tempo pra ser feliz.

Eu sempre fui uma pessoa com tantos compromissos (de dança, de trabalho, de ensaios, de amigos, de teatro, de inglês, de cursos, de estudo etc) que não dava tempo pra ser feliz. Não que eu fosse uma pessoa infeliz porque todas essas coisas me deixavam feliz. Mas é que eu deixava a felicidade pra depois.

Não podia ir no forró daquele fim de semana, mas vão ter tantas oportunidades ainda. Depois eu vou.

Também não podia viajar com os amigos da faculdade porque eu tinha os meus ensaios de dança. Mas depois isso ia passar e eu ia poder fazer quantas viagens eu quisesse.

Também não dava pra curtir todas as festas porque eu estava muito envolvida com a busca pelo estágio.

Quando eu achar um estágio... Quando eu terminar a monografia.... Bom, deixa eu ver se eu vou ser contratada depois do estágio. Mas tá na hora de fazer um MBA. Depois do MBA eu faço aquela viagem. Ai, hoje eu não posso sair, mas quando eu achar o meu emprego novo, vou ter mais tempo para pensar nisso... Não estou com cabeça, porque amanhã é segunda-feira e eu não estou feliz no trabalho. Deixa eu trocar de emprego de novo e aí terei tempo para sair com todo mundo!!!! É... o emprego novo não é bacana... mas estou estudando pra prova do mestrado e, com certeza, depois disso vou conseguir sair com você. O emprego novo é ótimo!! Estou super feliz, mas só posso sair sábado e, mesmo assim, muito rápido porque agora eu tô fazendo o tal mestrado né...

Dez anos.

Dez anos de desculpas, de "deixa pra depois", de "amanhã eu vou". De auto-enganações. Auto-sabotagens.

Por que eu só posso ser feliz depois??? Por que eu não podia ser feliz mesmo quando estava infeliz no trabalho? Por que eu não posso sair, mesmo fazendo mestrado??? Por que eu só poderia curtir aquela festa se eu estivesse com a roupa certa, maquiagem certa etc etc???

Naqueles minutos no meio da noite, me dei conta de que estou sempre adiando a minha felicidade. E percebi que passei 10 anos da minha vida dando desculpas para mim mesma. Fiz as contas, e vi que tem amigos que eu não vejo há mais de 2 anos. Até mais, se bobear.

Fiquei hipnotizada com o casal dançando forró e que me trouxe todas aquelas recordações. Dos forrós da faculdade, da leveza de quando eu não tinha preocupações.... E fiquei ali... Até que um cara me tirou pra dançar e eu disse "estou enferrujada!!!!".

Mas percebi que ainda sei dançar forró!!! (e bem, modéstia à parte). E também percebi que posso ser feliz, mesmo sem a roupa certa, sem a maquiagem certa e com mais um montão de coisas erradas!! Mesmo que só por um forró!

:)

P.S.: não, eu não estou triste. Posso dizer que o balanço de tudo é bem positivo. Mas todo mundo tem os seus momentos de baixo astral. E como eu sempre fui uma pessoa bem dramática.... Né?

domingo, 23 de novembro de 2014

Na praia...

- já vai?
- tem q trabalhar né... Infelizmente.
- ah, eu tive una gravidez ótima.
- sanduíche natural, mate!!
- quando eu saí do banho e me olhei no espelho...
- ah é?
- tem q passar hidratante né?
- aperta meu biquíni por favor?
- vou tomar um pouquinho dessa água aqui.
- 41 semanas e meia! Fazendo tudo em casa: varrendo, lavando...
- moço, me vê um mate por favor?
- com limão ou sem limão?
- fiquei o dia todo na praia sem protetor solar
- mô, vou na água, tá?
- antes de passar protetor?
- amigo, vai querer então?
- tava quente no cinema.
- sanduíche!!!
- tem né? Só que o Barra Shopping é enorme!
- não, eu adoro o Rio Sul, cara!
- papaiêêêê!!!
- falo pro Gabriel que ele não faz nada! O moleque sai de carro e não pode pegar a bolsa que tá do lado dele?
- carambaaaa!!!! Joga pra mamãe de novo!
- mate!!!
- alô sanduíche, alô mate!
- eu tive crise de riso
- pô cara, vai devagar aí!
- só tem você aí?
- ih, essa praia vai lotar hoje!
- você viu que vai ter um negócio ali?
- acho que é campeonato
- acho que é show
- vai lotar hoje
- vambora?
- vim pegar o meu chorinho
- ah é, sem chorinho não tem graça
- brigada!
- valeu, boa praia
- a onda ta lá longe, tá vendo? Não vai chegar aqui
- deixa a bolinha e a pá lá, filho!! Guarda lá!
- vai correr?
- nao, vou dar uma caminhada
- olha aqui minha sandália, que bonita
- ela é bonita, melhor que havaianas
- vou dar uma caminhada
- então tá
- alô natural mate gelado
- paaaaaiii! Vamo na água! Vamo pai!
- eeeeeeeee! Que belezaaaa!
- vem! Rápido!
- agora só tem criança. 1h da tarde chegam os de ressaca
- cuidado com o jacaré que tá aí dentro
- vou tirar a areia
- o celular não tá pegando. Beijo, tchau!
- hoje, nessa idade, eu não enxergo de perto nem de longe
- é, eu tenho miopia
- se eu saio sem óculos, não vejo ninguém
- não tinha esse! Tinha aquele ice
- aqui na praia..... Ia ser tão maneiro
- eu tenho uma indicação
- mudei de canal, tava me dando até dor
- tudo faz mal
- noooossa!
- vou ficar ali na beirinha
- só na beirinha tá?
- ó, agora bota água aqui dentro
- betacaroteno aí, ó! É o suco saúde! Tem suco que baixa até pressão alta! O beta hoje tá escasso! Tem vitamina A, vitamina B, vitamina C. É a nossa saúde!
- aqui tá bom, mãe!
- picolé!!!

Muita saudade de praia, de relax e das conversas pela metade e sem sentido que a gente ouve por aí.... Ah, o verão! :)



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Escolhas

Acabei de voltar do almoço com uma amiga. O tema durante quase todo o tempo foi a nossa vida profissional: objetivos, sonhos, escolhas e consequências.

Acho interessante como a vida é mesmo uma caixinha de surpresas (como já dizia Joseph Climber) e como as nossas escolhas fazem com que o nossos caminhos sejam completamente diferentes do objetivo inicial. Aquele objetivo que fez com que a gente marcasse um “X” em determinado curso na hora de fazer a inscrição para o vestibular.

Embora a minha paixão sempre tenha sido a dança, eu sempre tive muito claro na minha cabeça que não iria fazer faculdade disso. Não só pelo fato de ser filha única e de ter que arrumar um trabalho com o qual eu realmente conseguisse me sustentar sozinha, mas porque eu gostava de muita coisa e era difícil escolher. Sabia que, na dança, além da dedicação necessária a qualquer carreira, precisa-se de sorte. Muita. Ainda mais na modalidade de dança que eu escolhi para mim.

Outra coisa muito clara na minha cabeça era que o meu trabalho tinha que ter a ver com arte. Já falei nesse post sobre a importância que a arte tem pra mim. E tinha que ter as duas coisas ligadas. Por isso é que, entre fazer dança, jornalismo, geologia, engenharia civil e direito (sim! Eu já pensei em fazer todos esses cursos aí), eu escolhi Jornalismo. Porque queria ser crítica cultural. Esse era o meu maior objetivo no dia em que entrei na faculdade. E sabia que faria mestrado em Belas Artes depois!

A faculdade é um lugar cheio de sonhos, cheio de carreiras e, obviamente, cheio de escolhas a serem feitas. Dentro do curso de Comunicação, há muitas “faculdades” a serem cursadas. Tudo depende dos professores, das matérias eletivas, do grupo com quem você anda etc. Além da crítica de cultura, eu tive a fase de querer ser fotógrafa de guerra (a parte da guerra foi fácil de desistir, mas a parte da fotografia anda comigo até hoje), de trabalhar em redação de jornal impresso, de ser repórter de TV, de trabalhar em assessoria de imprensa... A única coisa, dentro do que a Comunicação me oferecia que eu sabia que não queria para mim era Marketing.  

No segundo período, tive um professor incrível de Cultura Contemporânea. Decidi que a minha monografia seria feita com ele, embora ele sempre dissesse que não dava 10 para ninguém (fiquei com 8,5 no trabalho final, mas com uma sensação maravilhosa de ter escrito o conteúdo da minha vida!). No quarto período, tive outro professor incrível, que me mostrou que eu sabia escrever bem! Logo nos primeiros trabalhos que entreguei a ele, fui convidada a escrever no Jornal da faculdade. Tive medo da exposição, das críticas, do que ouviria dos meus colegas de turma, mas encarei – afinal de contas, um jornalista tem que saber se expor. Acho que escrevi cerca de seis ou sete matérias entre coberturas, crônicas, críticas, colunas e uma matéria sobre assessoria de imprensa que me colocou cara a cara com grandes repórteres e assessores da época.

Como eu era boba e imatura! Estava ali! De frente com os profissionais que eu gostaria de ser no futuro e não tirei proveito disso. Ouvi de um deles que, já na faculdade, eu escrevia melhor do que muitos “coleguinhas” (como os jornalistas são carinhosamente chamados um pelos outros) e me limitei a responder “obrigada”. Até hoje não entendo o porquê de não ter aproveitado as oportunidades!

Quando já estava pelo quinto período, comecei a me desesperar com o estágio. Precisava de um, ou não teria emprego depois de formada e teria que ser, para sempre, somente professora de dança (não que isso fosse um sacrifício. E não fosse verdade – eu é que sempre gostei de um pouco de drama). Só que como tudo na minha vida, eu não consegui um estágio. Eu consegui três! Na mesma semana! E aí tive que fazer uma escolha. Aparentemente simples de ser feita, mas que mudou, por completo, o rumo que a minha carreira iria tomar.

As opções eram:
- Redação em um impresso: era o salário mais baixo de todos, mas era o que mais me atraía pelo trabalho;
- Secretaria de Cultura: era o salário médio e não preciso nem dizer o motivo da minha vontade em trabalhar lá;
- Área de Comunicação em uma empresa de óleo & gás: melhor salário, além de todos os benefícios de se trabalhar em empresa, como vale transporte, vale refeição etc. Para um estudante de jornalismo, essa opção caída muito bem. Foi, enfim, a opção escolhida! (Um detalhe: moro em Niterói, a empresa era na Barra e eu não tinha carro).

No entanto, eu nunca imaginei que ficaria ali por cinco anos. E também nunca imaginei que, das as atividades de um jornalista em uma empresa (site, relacionamento com imprensa, redação de textos institucionais, promocionais etc) eu, em três anos, estaria cuidando da área de... Marketing! Justamente o que, dentro da Comunicação, era a única atividade que eu não gostava! E não gostava mesmo. O começo foi muito difícil aceitar que eu não era mais jornalista e que eu não trabalharia em redação de jornal. A menos que eu aceitasse começar tudo do zero novamente.

E sabe o que aconteceu? Me apaixonei por Marketing e, de quebra, pelo mercado de petróleo. No lugar do mestrado em Belas Artes, o que fiz foi um MBA em Marketing, depois outro em Marketing Digital, e li livros e mais livros sobre isso. Philip Kotler e suas teorias passaram a ser o meus melhores amigos desde então!

Hoje, encontro amigos da faculdade que trabalham em redes de TV, em jornais impressos, em rádio, em assessorias de imprensa. Tenho aqueles amigos que são fotógrafos, artistas, professores, que publicam artigos e que compartilham seus conhecimentos com outros estudantes. E eu, apesar de jornalista com muito orgulho, fui mordida definitivamente pelo mosquitinho do Marketing.

Nunca imaginaria que trabalharia com isso e que seria tão apaixonada pelo meu trabalho.

Fico triste, às vezes, por não ter seguido o meu objetivo inicial de ser crítica cultural ou por não ter sido repórter de jornal. Mas para isso, tenho o meu blog! (Na verdade, foi para isso que ele foi criado, embora esteja aqui escondido atrás de um login e senha só para mim).


E fico pensando em como a vida é louca e como uma escolha, aparentemente simples e boba, pode mudar completamente o rumo das coisas. Onde será que eu estaria agora se tivesse escolhido a redação de jornal ou a secretaria de cultura?

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Takadime. Tá?

Dê uma batida em qualquer superfície: você terá apenas um barulho. Dê uma segunda batida, uma terceira e você já tem um ritmo” (Mickey Hart)

O Largo do Machado me trás boas recordações. São lembranças de um tempo de dança, arte, cultura, amigos, ensaios, calma, tranquilidade e extrema felicidade.

Frequentei muito Largo do Machado e Laranjeiras em 2005 e 2006, quando ainda estava estudando Jornalismo e dançava no Grupo Raga. Os ensaios para o espetáculo Takadime eram sempre depois das aulas da faculdade. Era engraçado, porque naquele tempo não sentia fome. Saía correndo das aulas, comia um croissant integral e um guaravita e tinha poucos minutos para pegar o ônibus até a Casa Azul, onde eram os ensaios. O trabalho à tarde era forte, era suado, cansativo... Mas muito recompensador. Na saída: mais um croissant e ônibus lotado. Ainda chegava a Niterói e ia direto para as aulas de dança de salão. Definitivamente, eu não sentia fome.

Acho que era porque eu me alimentava demais do que mais me faz feliz: ARTE!

Bons tempos, que não voltam mais.

O meu tempo no Raga foi um período muito intenso e muito importante de descobertas. Descobri, além de pessoas incríveis, a minha criatividade, as minhas necessidades, as minhas vontades, os meus objetivos. Descobri que tinha um estilo próprio de dançar. Descobri que tinha o meu jeito de fazer coreografias (que, infelizmente, se perdeu entre 2006 e 2007... mas já está tratando de se achar). E que fazer coreografias com outras pessoas é mais legal ainda. Foi a primeira vez em que me senti realmente profissional de dança (embora já o fosse no papel há alguns anos). Eu tinha um prazer enorme de dizer “estarei em cartaz no Cacilda Becker de quinta a domingo!” – isso fazia com que eu me sentisse especial. O teatro não lotava todo dia, mas eu dançava como se tivesse um público digno de Rock in Rio. Entregava-me por inteiro, de corpo e alma (e haja corpo... E também haja alma).

Mas a vida acaba te levando para outros caminhos: não que eles também não sejam bons e não que não sejam igualmente importantes e necessários. Mas não são os mesmos.

Tive que amadurecer, começar a estagiar, trabalhar, me formar, estudar mais, me formar de novo, trabalhar mais, trabalhar longe, pegar ônibus. Cheio. Estudar um pouquinho mais pra alcançar um outro objetivo, que me obrigava a estudar mais... E me formar de novo... E trabalhar mais... E dançar menos, cada vez menos, e comer menos arte, e ir menos ao teatro, porque sábado de manhã eu tinha aula (e não era de dança, nem de teatro, nem de arte). E falar duas línguas, três línguas, quatro línguas, que me obriga a estudar mais um pouquinho e ler livros (não sobre dança) e ver filmes (nem sempre sobre arte, embora filme seja arte também). E sobra menos tempo para os amigos, para a família, para o cachorro (por que não?), para prazeres. Para a arte.

Hoje trabalho perto do Largo do Machado. E, coincidentemente, ando repensando a arte na minha vida. Não gosto de ter que ir ao Largo do Machado. Porque me faz ter lembranças que não sei se quero ter. Embora goste de me lembrar delas... E goste de almoçar nos restaurantes do Largo.

Sou muito contraditória e isso não é novidade para ninguém.

Sinto saudades de não ter pressa naquela época. Sinto saudades das pessoas que conheci, das danças que conheci, do aprendizado, dos ensaios mentais enquanto estava em pé voltando para casa dentro de um 996 lotado. Sinto falta da paz que eu sentia. Eu fazia tanta coisa ao mesmo tempo naquela época! E sempre dava pra encaixar mais uma coisinha. Mais uma aulinha. Mais um ensaiozinho. Mesmo que eu tivesse festa na sexta, ensaios e aulas no sábado e tivesse só o domingo para fazer a monografia da faculdade. Sempre dava tempo. Incrivelmente, dava tempo.

O fato é que se a gente não tomar cuidado, a vida rouba o nosso tempo, envelhece a gente, dá cabelos brancos e rugas, dor nos joelhos, tornozelos e coluna... E só uma coisa pode retardar o meu envelhecimento: arte.  Manifestada de qualquer maneira, mas preferencialmente através da dança, óbvio.
Eu sei que isso é o óbvio do óbvio pra mim. E quem me conhece também sabe disso. Mas às vezes eu acho que preciso me lembrar de vez em quando. A vida é tão corrida e tão atribulada, que, de vez em quando, eu esqueço quem eu sou e o que me faz feliz.


Sorte (?) a minha, que trabalho perto do Largo do Machado e tenho as ruas de Laranjeiras bem pertinho para não me deixar esquecer.



quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Atrás do ônibus lotado

Ok. Resolvi que vou tentar de novo...

Não sei se ainda sei fazer isso e confesso que essa página em branco do Word me amedronta de uma certa forma e me faz querer desistir. Mas, ao mesmo tempo, ela me encoraja a tentar redescobrir a pessoa que ficou perdida no passado. Que ria dos ônibus lotados, que não se importava em errar os caminhos, que apesar de ficar estressada com um temporal no meio do dia, no fim das contas, achava graça. Levava a vida com um pouco mais de leveza. E acho que ela até conseguia tirar mais proveito do tempo. Bom, pelo menos, conseguia transformar essas situações em textos engraçados, que ainda me arrancam algumas risadas e boas lembranças. E, com certeza, aproveitava melhor o tempo, nunca perdidos, dos engarrafamentos.

Na verdade, não sei mais as regras da gramática tão de cor como sabia há uns seis anos atrás. E acabo tendo que recorrer ao Mestre Google para ter certeza da regrinha dos porquês. Eu conjugava verbos complicados com uma tranquilidade absoluta. Hoje, não mais. Enferrujei. Empoeirei. Criei teia de aranha. E mofei. Aliás, esse verbo tem sido muito comum no meu vocabulário dos últimos três anos, mas deixa esse assunto pra outro post porque agora... Eu me reempolguei!

Tirei o blog do ar há um tempinho por pura insegurança. Quando a gente procura emprego, a primeira coisa que faz é jogar o próprio nome do Google (bom, eu, pelo menos, faço isso direto). E toda a vez que jogava o meu nome no buscador, o resultado era:

- este blog;
- meus textos do jornal da faculdade que insistem em estar online no arquivo do site da faculdade;
- minha página do Fotolog (Essas coisas é que matam. Nem lembrava mais qual era o meu login do Fotolog e demorei umas três semanas para conseguir deletar a página porque o email cadastrado também não existia mais. Foi muito difícil provar que eu era eu e que eu queria excluir aquela página);
- o meu blog de dança;
- muitas e muitas fotos de dança;
- muitos e muitos vídeos de dança.

Conclusão: não vai dar para esconder que eu danço, nem que eu escrevia textos no jornal da faculdade (muito embora os textos que eu escrevia naquela época eram bem melhores do que os que eu escrevo hoje). A única coisa que dava para esconder eram as minhas reflexões e opiniões inúteis postadas no meu blog. E eu achava (e ainda acho) que isso podia afetar negativamente a impressão das pessoas sobre a minha vida profissional. Daí eu resolvi que ia deletar.

Não tive coragem.

Então eu resolvi que ia criar um login para que só eu acessasse. E, claro, também não queria perder o domínio do “Quem não pode se sacode”.

Só que eu não imaginei que deletando o blog. Ou melhor: escondendo o blog, eu estaria escondendo, também, um lado muito importante de mim. E perdendo um dos meus principais espaços de criatividade e, por que não, de autenticidade.

Não escrevo mais com tanta facilidade. Não sei mais as regras gramaticais com tanta certeza. Não escrevo com a mesma coesão e fluidez com que fazia antigamente. Mas vou tentar. Vou deixar o blog aqui pra mim, por enquanto. Qualquer dia, deixo ele aberto novamente.


Mas, por enquanto, sem pressa. E com a única pretensão de reencontrar aquela pessoa que não se importava com os ônibus lotados, temporais ou engarrafamentos...